A participação de adolescente nos povos da floresta

O protagonismo adolescente nos povos da floresta com o NUCA de Manaquiri (AM)

Conheça algumas histórias que o NUCA de Manaquiri, no Amazonas, ajudou a transformar. Um dos municípios daAmazônia Legal a concluir os Desafios NUCA/JUVA.

Uma adolescente de 16 anos, todos os dias, sai da comunidade indígena “Waraná”, por uma estrada de barro, para estudar o nono ano no Centro Educacional Municipal Em Tempo Integral Domingos Vasques da Silva, em Manaquiri, região metropolitana de Manaus, no Amazonas. Com as vestimentas típicas de seu povo, Valeriana Santos tem o sonho de cursar a faculdade de direito, e relata o preconceito que enfrenta ainda na escola. “Meus colegas na escola bagunçam e me chamam de índia. Eu me visto desse jeito, que é minha origem. Muitas pessoas já me repreenderam, mas tem pessoas que nos apoiam por sermos indígenas e por apresentarmos nossa cultura. Quero apenas defender minha etnia, meu povo”, conta a adolescente.

Da etnia Sateré-Mawé, Valeriana começou a participação política ao integrar o Núcleo de Cidadania dos Adolescentes (NUCA) e é uma das 27 participantes, sendo 13 meninos e 14 meninas, do NUCA de Manaquiri. O município de destaca na promoção do protagonismo de adolescentes, sendo um dos 90 municípios que encararam o #DesafioNUCA/JUVA. O Núcleo de Manaquiri já concluiu todos os Desafios propostos pela metodologia do Selo UNICEF, e postaram na Plataforma Crescendo Juntos até dezembro de 2019.

Espaços de discussão dos adolescentes para questões importantes como implementação de ações e reivindicações possam ser dirigidas à gestão pública municipal, adolescentes como Valeriana, que quer ajudar sua família, amigos e ainda contribuir com o Selo UNICEF, fortalecem as políticas públicas para crianças e adolescentes em seu município.

“Nos encontros do NUCA percebo que posso aprender novas coisas e ainda mudar o pensamento. A mobilizadora nos ensinou a superar desafios. E a cooperação no grupo é essencial”, celebra Valeriana. Desde então, a jovem já participou do Encontro Estadual de Adolescente do Selo UNICEF, em agosto de 2019, na cidade de Manaus, e esteve ainda com outros adolescentes brasileiros, em Brasília, nas comemorações dos 30 anos do aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), em novembro do ano passado. “Nunca imaginei ter essa oportunidade na vida. No evento, em Brasília, minhas sugestões foram ouvidas e desde então muita coisa mudou, tornei-me mais forte”.

MOBILIZAÇÃO

“Sou uma multiplicadora de sonhos”. Assim define Ellen Paiva Nonato, do município de Manaquiri, no Amazonas, a atuação como Mobilizadora de Adolescentes. Sonhar já pode ser um grande desafio para os meninos e meninas que vivem na Amazônia Legal, e em Manaquiri não é diferente.

Localizado na região metropolitana de Manaus, o município engloba localidades que pode chegar a 12 horas de viagem pelos rios. Um trabalho motivado por acreditar no potencial da infância e adolescência. “São seres humanos ricos de conhecimentos que buscam apenas uma oportunidade”, relata a mobilizadora. Ellen conduz as ações do Núcleos de Adolescentes (NUCA) de Manaquiri, um dos nove municípios a concluir todos os Desafios do Selo UNICEF.

A conclusão dos Desafios do NUCA, com a participação e o empenho dos adolescentes, da gestão pública, da rede de proteção, entre outros atores, não seria possível sem essa integração. “Os mobilizadores precisam trabalhar em parceria com a rede de proteção, que se constituem dentro do município, tanto do âmbito municipal quanto estadual isto facilitará a realização das tarefas ”, explica a mobilizadora.