Layane Souza, 24, de Ibiassucê, BA, conta como o NUCA ajudou a moldar sua consciência social e a chegar, agora como psicopedagoga, ao papel de Articuladora do Selo UNICEF
Meu nome é Layane Michele Silva Souza, tenho 24 anos, sou professora psicopedagoga, mestranda em Geografia pela UESB e atualmente atuo como Articuladora do Selo UNICEF em Ibiassucê.
Minha trajetória de vida é marcada por desafios e superações. Depois de eventos familiares bem complexos, fui morar com minha tia aos 1 ano e 4 meses de vida e, mais tarde, aos 4 anos, passei a viver com ela e seu esposo no município de Ibiassucê, Bahia, cidade onde cresci e estudei durante toda minha vida.
Sou mulher negra, de cabelos afros, filha de família pobre, e tive a honra de ser a primeira menina a assinar o livro do NUCA, em 2013, quando o município aderiu ao Selo UNICEF pela primeira vez. Essa assinatura não foi apenas um ato simbólico: foi a abertura de um caminho que me mostrou que, mesmo diante de tantas dificuldades, nós, meninas negras e pobres do interior, também podemos ocupar espaços de decisão e liderança.
O NUCA foi para mim um lugar de pertencimento. Ali, aprendi que a voz da juventude importa, participei de palestras, cursos e projetos que me ensinaram a ter coragem de falar, de reivindicar e de sonhar. Fiz parte do NUCA dos 13 aos 17 anos, período que marcou profundamente minha formação como cidadã consciente do meu papel social.
Aos 18 anos iniciei a graduação em Geografia pela UNEB e, em 2020, comecei a atuar como professora no Centro Educacional de Ibiassucê. Minha prática pedagógica sempre foi inspirada em Paulo Freire, acreditando na força da escuta e do diálogo. Entendi, na sala de aula, que para muitas crianças e adolescentes a escola é mais do que um espaço de aprendizado: é um refúgio, um lugar onde podem ser vistos, acolhidos e valorizados.
Em 2025, recebi com alegria o convite do Prefeito Tadeuzinho, também um jovem que acredita na transformação do município, e do Secretário de Educação Sandro Wagner, para assumir a articulação do Selo UNICEF em Ibiassucê. Aceitei porque lutar pelos direitos de crianças e adolescentes sempre foi meu propósito. Hoje, sei que alguém um dia lutou por mim, e por isso tenho o dever de lutar pelas próximas gerações.
Atualmente, temos em Ibiassucê um NUCA ativo, com mais de 90 adolescentes. O mobilizador é um jovem que foi meu colega de escola, o que reforça esse ciclo de continuidade e esperança. O NUCA é, acima de tudo, um espaço de alegria, de escuta, de afeto e de formação cidadã.
Tenho a certeza de que muitos jovens, assim como eu, que vieram de famílias pobres, de comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e de tantas outras realidades invisibilizadas, podem encontrar no NUCA uma oportunidade de transformar suas histórias pessoais em histórias de luta coletiva. Assim, reafirmo todos os dias que ser uma menina negra e pobre nunca foi um limite, mas sim a força que me move a lutar por igualdade, dignidade e direitos para todos.
Sobre o Selo UNICEF
O Selo UNICEF é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) que, há 26 anos, incentiva e reconhece avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira.
Sobre o UNICEF
O UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância, trabalha para proteger os direitos de cada criança e adolescente, em todos os lugares, especialmente os mais desfavorecidos, nos locais mais remotos. Em mais de 190 países e territórios, fazemos o que for preciso para ajudar crianças e adolescentes a sobreviver, prosperar e alcançar seu pleno potencial.
O trabalho do UNICEF é financiado inteiramente por contribuições voluntárias. Em 2025, o UNICEF comemora 75 anos no Brasil.