Encontro estadual pelo clima reuniu 52 adolescentes quilombolas e indígenas de 26 municípios cearenses

O I Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima reuniu 52 adolescentes quilombolas e indígenas de 26 municípios cearenses no dia 17 de janeiro

O Parque do Cocó, em Fortaleza, foi o cenário escolhido para o I Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima, que reuniu 52 adolescentes quilombolas e indígenas de 26 municípios cearenses no dia 17 de janeiro último. A atividade integra a agenda do Selo UNICEF (edição 2021-2024) e dialoga com os encaminhamentos e discussões da 22ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (COP 22). O evento contou com palestra e dinâmicas com os adolescentes, roda de conversa e trilha guiada no parque. Também estiveram presentes as secretárias estaduais de Juventude, Adelita Monteiro, e do Meio Ambiente, Vilma Freire. 

A programação iniciou com uma acolhida dos estudantes no Cocó, sucedida por uma palestra com a jornalista Maristela Crispim e com a escritora e divulgadora científica Magda Helena Maya, ambas da agência Eco Nordeste. A conversa abordou os principais temas pautados na última COP e buscou fazer uma relação com as realidades locais onde os adolescentes estão inseridos, reforçando o lema “proteger meu lugar para mudar o mundo”. 

“Nós queremos escutar os adolescentes e entender como as mudanças climáticas estão impactando seu cotidiano e suas comunidades para, a partir disso, construir um programa que crie lideranças climáticas nessas comunidades”, explicou o coordenador das ações de adolescentes do Selo UNICEF no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, Nilson Silva.

O chefe do escritório do UNICEF em Fortaleza, Rui Aguiar, acredita ser necessário um levantamento mais detalhado desses locais que sofrem de problemas como uso abusivo de agrotóxicos, desertificação, ameaças ao patrimônio cultural histórico e às áreas de preservação ambiental, dentre outros. “A ideia é formar lideranças juvenis para que, a partir delas, seja feito um trabalho local. É possível combater os fenômenos das mudanças climáticas a partir de uma atuação local. Isso exige um mapeamento desses espaços e das pessoas que já atuam nessa área”, destacou.

A secretária estadual de Juventude, Adelita Monteiro, convidou os adolescentes a se aproximarem das ações da Pasta e garantiu que fará uma gestão democrática e próxima das juventudes, especialmente as periféricas. “Vamos nos reunir para construir juntos as políticas do meio ambiente. Isso é, sim, uma discussão das pessoas que vêm da periferia e do interior. O debate sobre o meio ambiente tem que ser popular e revolucionário”, defendeu. Vilma Freire, secretária do Meio Ambiente, também se colocou à disposição para colaborar com as ações do Selo UNICEF. “A Secretaria está totalmente à disposição para ser um braço desse projeto. E esse é um momento importante da nossa história”, disse.

Thaís Pitaguary, 16 anos, do município de Pacatuba, foi uma das participantes do encontro. Ela é palestrante e representante indígena do Ceará no Conselho Consultivo de Adolescentes e Jovens do UNICEF no Brasil, o Conselho Jovem. “É fundamental que os jovens participem desse debate para que a gente possa refletir e trazer mais jovens dos nossos municípios para estar nessa luta com a gente”, ressalta a adolescente, que integra o grupo de juventude indígena da aldeia onde vive.

O adolescente Nicolas Pitaguary, de 15 anos, também de Pacatuba, diz que alguns problemas ambientais já são sentidos em sua aldeia, como o excesso de lixo em espaços comunitários de lazer e a dificuldade do acesso à água. “Espero que a gente possa abrir a mente para ouvir mais sobre as dificuldades da nossa aldeia e mobilizar outros adolescentes também”, aposta.

Da etnia Tremembé, em Almofala, no município de Itarema, estiveram no evento Jaiciane Matos, 16 anos, e Pedro Rique, de 15 anos. Eles explicam que estão conhecendo o trabalho do Núcleo de Cidadania de Adolescentes (NUCA), mas já estavam ambientados com o tema de mudanças climáticas a partir de demandas da própria comunidade. Eles relatam que, nos últimos anos, a comunidade onde moram já tem sido impactada por essas mudanças, como o perceptível aumento da poluição. “Queremos entender como podemos melhorar essa situação”, aponta Pedro Rique. “Porque isso vai ajudar tanto o meio ambiente em geral como a nossa comunidade”, acrescenta Jaiciane.

Participaram do encontro os municípios de Aquiraz, Aratuba, Baturité, Catunda, Caucaia, Crateús, Cruz, Eusébio, Horizonte, Iracema, Itapipoca, Itarema, São Benedito, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Pacatuba, Pacujá, Poranga, Quiterianópolis, Quixeramobim, Salitre, São Gonçalo, Sobral, Solonópole, Tamboril e Tauá.