Quase 2 milhões de crianças e adolescentes correm o risco de não voltar às aulas em 2020, alerta UNICEF

Para reverter o quadro, não adianta apenas ofertar vagas. É preciso ir atrás de cada menina ou menino que está fora da escola.

Para reverter o quadro, não adianta apenas ofertar vagas. É preciso ir atrás de cada menina ou menino que está fora da escola. Hoje, 3 mil municípios estão engajados na Busca Ativa Escolar

21/1/2020 – Início de ano é hora de volta às aulas. Mas essa não é uma realidade para quase 2 milhões de crianças e adolescentes brasileiros. São meninas e meninos que deixaram as salas de aula, ou que nunca sequer chegaram a elas. Neste começo do ano, o UNICEF faz um apelo para que todos os municípios realizem a Busca Ativa Escolar: ou seja, unam as equipes da administração pública e da sociedade civil para ir de casa em casa encontrar e levar para a escola todos os estudantes que estão fora dela. 

Embora o Brasil tenha avançado no acesso à escola, o problema ainda não está resolvido. Segundo a Pnad contínua 2017, 1,9 milhão de crianças e adolescentes continuam fora da escola no País (veja dados estaduais abaixo). 

A exclusão escolar afeta, principalmente, crianças e adolescentes das camadas mais vulneráveis da população, já sem outros direitos respeitados. São, em sua maioria, pobres, negros, indígenas e quilombolas. Muitos deixam a escola para trabalhar e contribuir com a renda familiar; outros têm algum tipo de deficiência. Grande parte vive nas periferias dos grandes centros urbanos, no Semiárido, na Amazônia e nas zonas rurais. Muitos já passaram pela escola, mas não tiveram as oportunidades necessárias para aprender, foram sendo reprovados até que deixaram a sala de aula. Ou foram vítimas de bullying, preconceito, violência, e não conseguiram continuar.

Por todas essas razões, a maioria dessas crianças e desses adolescentes nem vai até a escola para se matricular. “Não adianta, portanto, apenas ofertar vagas na escola. É preciso unir esforços de diferentes áreas – educação, saúde, assistência social, entre outras – para ir atrás de cada um, entender as causas da exclusão e tomar as medidas necessárias para garantir a matrícula e a permanência na escola, aprendendo”, explica Verônica Bezerra, especialista em Educação do UNICEF. 

A boa notícia é que mais de 3 mil municípios brasileiros já estão engajados nesse esforço. Todos eles fizeram adesão à Busca Ativa Escolar – iniciativa do UNICEF e parceiros para ajudar os municípios e Estados nesse esforço de inclusão escolar. A estratégia colabora para a identificação de crianças e adolescentes fora da escola, seu encaminhamento para os diversos serviços públicos – como da Saúde e da Assistência Social, de acordo com os motivos de evasão e/ou abandono – e sua (re)matrícula e acompanhamento no retorno à escola.

Por meio da Busca Ativa Escolar, o município reúne representantes de diferentes áreas dentro de uma mesma plataforma gratuita. Cada pessoa ou grupo tem um papel específico, que vai desde a identificação de uma criança ou adolescente fora da escola até o seu encaminhamento para os serviços públicos da rede de proteção e a tomada das providências necessárias para a sua (re)matrícula e a permanência na escola. O Estado também participa da estratégia, em regime de colaboração com os municípios, podendo (re)matricular adolescentes nas escolas da rede estadual.

Saiba mais em  buscaativaescolar.org.br.
 

 

Região

Frequência à Escola - 4 a 17 anos (2017)

RegiãoTotal (em milhares)

% fora da escola

Frequentando

Fora da escola

Brasil

40.227,0

1.992,9

4,7%

Norte

4.329,1

265,2

5,8%

Nordeste

12.324,9

611,6

4,7%

Sudeste

15.346,0

664,8

4,2%

Sul

5.143,3

285,9

5,3%

Centro-Oeste

3.083,7

165,3

5,1%

Acre

216,3

18,3

7,8%

Amapá

198,6

18,1

8,3%

Amazonas

1.002,3

71,8

6,7%

Pará

2.040,6

116,0

5,4%

Rondônia

392,3

21,0

5,1%

Roraima

116,5

4,8

3,9%

Tocantins

362,4

15,2

4,0%

Alagoas

733,6

55,2

7,0%

Bahia

3.256,2

143,6

4,2%

Ceará

1.868,7

88,3

4,5%

Maranhão

1.774,2

84,1

4,5%

Paraíba

839,4

43,1

4,9%

Pernambuco

1.929,2

124,3

6,1%

Piauí

705,5

19,5

2,7%

Rio Grande do Norte

723,6

31,3

4,1%

Sergipe

494,4

22,2

4,3%

Espírito Santo

740,7

36,4

4,7%

Minas Gerais

3.847,5

155,0

3,9%

Rio de Janeiro

2.703,1

104,0

3,7%

São Paulo

8.054,7

369,4

4,4%

Paraná

2.051,2

125,8

5,8%

Rio Grande do Sul

1.888,8

101,2

5,1%

Santa Catarina

1.203,3

58,8

4,7%

Distrito Federal

585,0

28,2

4,6%

Goiás

1.288,0

77,0

5,6%

Mato Grosso

693,4

36,1

5,0%

Mato Grosso do Sul

517,3

24,1

4,4%

Fonte: Pnad Contínua 2º trimestre, Suplemento Educação. Microdados.

 

Sobre a Busca Ativa Escolar
A Busca Ativa Escolar é uma metodologia social e uma plataforma gratuitas para ajudar os municípios e os Estados a enfrentar a exclusão escolar, desenvolvida pelo UNICEF em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Sobre o UNICEF
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) trabalha em alguns dos lugares mais difíceis do planeta, para alcançar as crianças mais desfavorecidas do mundo. Em 190 países e territórios, o UNICEF trabalha para cada criança, em todos os lugares, para construir um mundo melhor para todos.

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Para reverter o quadro, não adianta apenas ofertar vagas. É preciso ir atrás de cada menina ou menino que está fora da escola.
A estratégia Busca Ativa Escolar, obrigatória para municípios alcançarem o Selo UNICEF, contribui para identificação de crianças e adolescentes que estão fora da escola até a garantia de sua (re)matrícula